O fundador

Monsenhor Guilherme Schmitz

No dia 03 de Junho 1906 em Hollen, província do Rheno, Alemanha, nasceu Wilhelm Schmitz, que, no Brasil, passou a se chamar Guilherme Schmitz, foi o filho mais velho de Johann Wilheln Schimitz (no Brasil, João Guilherme Schmitz) e Anna Strauch Schmitz. Sua mãe, que trabalhou em uma fábrica de confecção de roupas de tricô, morreu no parto do sexto filho, em 1914, quando Guilherme (Wilhelm Schmitz) tinha apenas oito anos de idade. Seu pai era maquinista em uma fábrica de açúcar e foi convocado para a Primeira Guerra Mundial, em 1915.

Aos nove anos de idade, sem o pai que foi para a guerra, e sem a mãe que havia falecido, Guilherme Schmitz, sozinho, passou a cuidar de seus irmãos mais novos, tendo de cozinhar, cuidar da casa, da roupa, do campo. Fez o primário em Hollen e Estudava seis horas por dia: três pela manhã e três à tarde.

Assim que o pai voltou da guerra, em 1920, casou-se com Katharina Mainz, viúva de guerra e mãe de seis filhos. Da nova união nasceu apenas um filho, Johannes Antunes Schmitz. Monsenhor Guilherme Schmitz foi naturalizado brasileiro em 30 de setembro de 1953, cujo título de cidadão foi assinado por Getúlio Vargas, então presidente da República.

A Vocação Religiosa

Monsenhor descobriu sua vocação religiosa ainda jovem. Quando o pai voltou da guerra, Guilherme tinha 14 anos de idade. Ele pediu que o pai casasse novamente, pois queria estudar e ser padre. A situação financeira da família era precária e esse desejo precisou ser adiado. Empregou-se em uma grande fazenda, onde trabalhou por quatro anos na lavoura.

Depois, trabalhou dois anos como enfermeiro num grande hospital em Friburgo (Floresta Negra). “Mas parece que uma voz me puxava para o Brasil. Hoje compreendo as palavras da Bíblia: Deus manda cada profeta para o seu país.”

Guilherme falou a seu pai da intenções de vir para o Brasil, mas foi repreendido, com o argumento que não tinha dinheiro. Fez novenas a São José. A primeira não deu resultado esperado. Iniciou a segunda e, ante de termina-la, uma religiosa, Irmã Licésia, que o tinha tratado de uma pneumonia aos 17 anos, pergunto-lhe: “É verdade, Guilherme, que você que ir ao Brasil ser padre lá? Respondi que sim e que esta ideia me perseguia. Ela sorriu, abriu sua bolsa e me deu um bom dinheiro.”

Foi o suficiente para a notícia espalha-se. Um ex-vigário, doutor em matemática, Ciências e Tecnologia, que não aceitou ser bispo de Colônia após duas eleições, perguntou-lhe: “Guilherme, ouvi dizer que você que ir ao Brasile continuar seus estudos.” Guilherme respondeu: “Quero sim, mas o senhor sabe que eu sou pobre e não tenho dinheiro para isto.”

O ex-vigário lhe deu 400 marcos (moeda alemã) e disse: “Eu tenho um colega que vai te dar também quatrocentos marco.” Transcorria o ano de 1930 e Guilherme já tinha quase todo o dinheiro necessário. Bastavam 100 marcos para viagem ao Brasil. Sua madrasta, Katharina Mainz, era quem guardava o dinheiro.

Quando tinha mais que o suficiente para a viagem, Guilherme chamou o pai e disse-lhe: “O dinheiro para a viagem está pronto e vou tratar dos papéis. Ele ficou pálido e não disse nada.” Guilherme já era maior de idade e em pouco tempo resolveu tudo sobre os documentos, as roupas e o navio.

Sua grande mudança de vida iniciou-se em fevereiro de 1931, com a viajem para o Brasil, partindo de Hamburgo, Alemanha. Foram 18 dias no navio Monte Olívia, Junto estava seu inseparável amigo Paulo Rautenstrauch, que, no Brasil, recebeu o nome de Paulo de Tarso e foi monsenhor em Afonso Cládio. Paulo o acompanhou em todos os instantes, estudaram juntos e sempre compartilhavam as alegrias e tristezas mútuas. Ordenaram-se na mesma cerimônia, fato inédito até então na Catedral de Vitória.

A primeira palavra em português que ouviu, ainda no navio, foi “paciência”, dita por brasileiros que tinha estudado na Alemanha e estavam na viagem.

Chegando ao Rio de Janeiro encontrou um padre alemão e sentiu-se em casa. Era um franciscano, que os levou para o Convento Santo Antônio. No dia seguinte, viajaram para Manhumirim, Minas Gerais, onde padre Júlio Maria tinha fundado nova congregação e precisava de professores.

Começou a estudar português com livros franceses. Como tinha estudado latim, francês e grego, não teve dificuldade para aprender o português. Iniciou o estudo de filosofia, com livros em latim. Considerava o padre Júlio Maria um ótimo professor, apesar de ser rigoroso reitor. Em Manhumirim estudaram dois anos.

Guilherme e Paulo perceberam que aquele seminário não era o lugar certo. Foram para Juiz de Fora, onde estava um padre, ex-professor em Manhumirim. Guilherme resolveu falar, no Rio de Janeiro, com o Núncio Apostólico para ser enviado para outro seminário.

Era então o Núncio Aloísio Masela, posteriormente Cardeal em Roma, que lhe disse: “você vai para o Espírito Santo e se apresente a dom Luiz Scortegagna. Já vou dar um telegrama a ele.” A resposta de dom Luiz foi pronta: “Vem logo! Em dom Luiz, arranjei um outro pai.”

Paulo e Guilherme foram para Mariana, Minas Gerais, onde fizeram o curso de Teologia. Lá encontram um ambiente bom e agradável, professores bons e competentes. O seminarista Guilherme relata: “Lá recebermos uma educação ótima para o sacerdócio.”

Com a conclusão do curso após quatro anos, dom Luiz Scortegagna a Ordenação Sacerdotal. Antes tiveram que fazer o último exames de jurisdição, diante de sete professores, oral e escrito em Latim. Guilherme e Paulo foram aprovados.

No dia 5 de setembro de 1937, receberam de dom Luiz Scortegagna a Ordenação Sacerdotal, na Catedral de Vitória. Foi a primeira vez que o bispo do Espírito Santo Ordenou dois padres, na história da diocese, desde 1895. “Naquele dia dom Luiz estava radiante e organizou uma bela festa no Palácio Episcopal.”

No três dias subsequentes, haveria momentos especiais de celebração: no dia 6, no colégio do Carmo, padre Guilherme celebrou sua primeira missa; já no dia 7, duas celebrações: uma na Catedral, com a sua primeira missa solene, e outra na Santa Casa. No dia 8, coube a padre Paulo a condução da sua primeira missa solene. Graças a essas realizações, o bispo lhes concedeu a jurisdição na Catedral.

“Fui nomeado o capelão da Santa Casa. Em seguinda, pró-vigário de Santa Joana, hoje Itarana, e depois vigário de Guarapari, ficando pouco tempo nas respectivas paróquias.” No final de 1937, padre Guilherme é transferido para São Mateus. Durante a vida religiosa, dedicou-se por completo às paróquias de São Mateus e de Aracruz, além de obras importantes como a Fundação Hospital Maternidade São Camilo.

 

 

Fonte: Paróquia São João Batista